Reportagem

O que as empresas estão "perdendo" sobre o trabalho híbrido

Uma desconexão entre as expectativas dos funcionários e o investimento corporativo decorre da falta de dados e de tecnologia adequada.

14 de Junho de 2023

Enquanto os números de ocupação dos escritórios aumentam nos principais polos corporativos ao redor do mundo, algumas empresas ainda estão encontrando dificuldades e quebrando a cabeça para adotar estratégias relacionadas ao trabalho híbrido.

Um exemplo claro disso é a indefinição sobre os dias de trabalho presencial e remoto. De acordo com a Forbes (conteúdo em inglês), abordagens menos flexíveis, com mandatos para estar no escritório a maior parte da semana estão causando alvoroço entre os funcionários. Além disso, essa não é uma tendência que os dados sugerem ser o melhor para a produtividade.

Hoje em dia, existem empresas que se concentram apenas em investir em um escritório central e não contar com outros locais de trabalho esplhados, como espaços flexíveis ou mesmo o sistema remoto. Segundo um estudo desenvolvido pela Logitech (conteúdo em inglês), isso enviou mensagens confusas sobre estratégias híbridas, bem como desafios tecnológicos e ergonômicos para os trabalhadores.

“Está claro que o híbrido veio para ficar. Os funcionários esperam isso e os empregadores estão tentando responder a isso. No entanto, a realidade é que as empresas ainda estão buscando descobrir como gerenciar todo esse cenário de forma adequada”, diz Hannah Dwyer, líder de Pesquisa e Estratégia para a dinâmicade trabalho da JLL EMEA.

Dwyer aponta que há muitas razões por trás da desconexão: as abordagens não são centradas nas pessoas; a propriedade em estratégias híbridas não é compartilhada; e não há investimento suficiente em tecnologia necessária para um ambiente de trabalho híbrido.

“Um dos maiores obstáculos que a liderança enfrenta é uma discrepância em como o escritório físico é projetado e como os funcionários o usam agora”, explica.

Por exemplo, os funcionários podem dizer que só querem ir ao escritório como um local para colaborar com os colegas. No entanto, os dados mostram que a maioria das pessoas usa o escritório como um espaço para se concentrar no trabalho.

“Estamos operando em um mundo de mudanças significativas do ponto de vista imobiliário de escritórios. Mas também é um mundo onde todos estão sob pressão para cortar custos, que estão aumentando”, diz Dwyer. “Portanto, quando se trata de híbrido, há um equilíbrio entre o que as empresas estão investindo e a garantia de que esses investimentos tenham o máximo impacto.”

Investir em tecnologia

Durante a pandemia, ficou claro que os funcionários de escritório podiam gerenciar muitas de suas tarefas de praticamente qualquer lugar. O modelo evoluiu, com o escritório se tornando um centro de colaboração, enquanto a casa e outros lugares terceiros se tornaram locais de foco. As empresas planejavam investir pesadamente no “novo escritório”, trazendo mais salas de conferência e tecnologia para combinar trabalhadores presenciais e remotos.

“Enquanto todos estão operando em um período de pressão de custos, as empresas estão examinando suas estratégias imobiliárias”, comenta Dwyer. “Não esperamos os enormes níveis de atividade de expansão a que estávamos acostumados no passado, mas, em vez disso, vemos empresas procurando otimizar seu espaço existente e torná-lo adequado ao propósito”.

No entanto, Dwyer diz que ainda há um nível de atualização necessário quando se trata de avanços tecnológicos. Uma área principal que as empresas ainda não abordaram é a captura das métricas corretas. O relatório Technology and Innovation in the Hybrid Age (conteúdo em inglês), da JLL, analisa 15 tipos diferentes necessários para um escritório híbrido totalmente funcional. Os pesquisadores descobriram que a maioria das empresas implementou apenas cerca de quatro deles.

A pesquisa Future of Work (conteúdo em inglês), da JLL, também compartilha que, das empresas pesquisadas, apenas 13% se colocaram em uma perspectiva avançada quando se trata de sua jornada tecnológica.

Escritórios à prova de futuro

Quando se trata de perguntas que os clientes estão fazendo, Dwyer diz que está constantemente ouvindo: “como respondemos ao híbrido para tornar nossos espaços corporativos à prova de futuro?”

Ter uma abordagem robusta para métricas é imperativo, porque dados parciais e anedóticos precisam ser mais precisos. À medida que as empresas aceleram seus investimentos em tecnologia para enfrentar os desafios de um escritório híbrido, os pesquisadores dizem que é cada vez mais difícil entender o cenário, quais ferramentas estão alinhadas com seus objetivos específicos e a melhor forma de integrá-las às suas operações.

A tecnologia permite que as empresas capturem novos tipos de dados que não estávamos olhando há cinco anos. Quando as empresas analisam o gerenciamento de instalações, provavelmente pensam em limpeza, segurança e serviços. Agora é olhar o espaço. É eficiente? O que é uso de energia? Qual é o custo imobiliário corporativo por pessoa? O escritório é inclusivo? É diverso?

“Um nível totalmente novo de métricas surgiu”, explica Dwyer. “E é isso que deve orientar as decisões dos clientes. Dá mais agilidade, transparência e capacidade de resposta.”

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