Reportagem

Aquecimento do mercado industrial e logístico faz despontar novas regiões de desenvolvimento

Empresas não se intimidam pelo momento econômico atual e investem em fábricas e centros de distribuição pelo país, visando seus planos de longo prazo.

19 de Julho de 2023
Autores:
  • Agência Tecere

O mercado de galpões está mais aquecido do que nunca. Além do recorde de volume locado no primeiro trimestre de 2023, com o melhor resultado dos últimos 10 anos para o período, houve a incorporação de 323 mil m² ao mercado nacional e há a estimativa de mais de 3 milhões de m² de novo estoque a serem entregues durante o ano. Os dados fazem parte do estudo First Look, realizado pela JLL. 

Segundo Ricardo Hirata, diretor de Industrial, Logística e Data Center da JLL, há oportunidades de novos projetos, apesar do momento econômico desafiador. Com as grandes demandas do e-commerce estabilizadas, o destaque fica para as indústrias de base. 

“Estamos recebendo demandas da indústria, com projetos de longo prazo para novas fábricas e centros de distribuição. Em geral, as empresas apostam nas suas projeções até 2030 e não estão se atentando apenas ao momento atual da economia. Porém, em alguns casos, os custos elevados de construção travam a tomada de decisão e a realização imediata dos planos. Os processos estão um pouco mais lentos”, avalia o executivo.

Além de traçar o retrato atual do mercado, o relatório First Look, da JLL, dá pistas sobre os rumos do crescimento do setor no país. Entre os 323 mil m² de novo estoque adicionado, 43% do volume foram no Estado de São Paulo, 21% em Minas Gerais, 15% no Rio de Janeiro e 11% no Espírito Santo. Assim, a região Sudeste, principalmente São Paulo, segue firme como o principal eixo industrial e logístico do país. 

A importância dos incentivos fiscais para a descentralização

Um fator importante que orienta a expansão do segmento industrial e logístico são os incentivos fiscais oferecidos pelos governos às empresas, mais até do que o preço médio do m² de galpão, de acordo com o especialista da JLL.

“Este é um dos requisitos mais importantes para as empresas, junto aos estudos de malha de transportes e infraestrutura. Minas Gerais, por exemplo, sempre atraiu grandes demandas de empresas de varejo e indústria pelo incentivo do Estado. Extrema, na divisa com São Paulo, é uma região que cresceu tanto que precisa de mão de obra de fora. Logística gera muitos empregos no Brasil, uma vez que o setor ainda não é tão automatizado por aqui”, destaca Hirata.

Outras regiões de crescimento são a grande Vitória (ES), por conta de incentivos para a indústria de alimentos, e a grande Goiânia (GO), com foco nas indústrias farmoquímicas. No Sul, o destaque é Santa Catarina, com seu potencial logístico devido aos cinco portos. No Nordeste, os locais mais buscados são Bahia, Ceará e Pernambuco. Na região Norte, Manaus é um polo já consolidado. 

Desafios do crescimento do mercado

Se, por um lado, a descentralização do mercado industrial e logístico traz desenvolvimento para novas regiões, por outro, também traz dores de crescimento. Uma delas é a dificuldade com mão de obra, tanto nas operações quanto na construção e/ou reforma dos empreendimentos.

“A mão de obra local, muitas vezes, não é qualificada. A solução é trazer gente capacitada de fora ou aumentar a supervisão. O gerenciamento da obra pode suprir essa lacuna”, pontua Hirata.

Para proprietários e construtores, o conselho para fazer investimentos seguros é se aliar a empresas sólidas, capitalizadas e com planos de expansão consistentes. “Assim, o risco de investir em um negócio que pode se desfazer futuramente diminui”, indica o executivo da JLL.

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